17 de dezembro de 2014

PICTA MUNDI por GLEICE COUTO

“Picta Mundi” é a brilhante estreia da blogueira Gleice Couto na literatura fantástica brasileira. A escritora, que também é jornalista, realizou seu sonho de forma independente e vem conquistando muitos leitores com sua história repleta de fantasia e aventuras.  

O livro nos conta a história de Letícia, uma adolescente que estuda no renomado colégio Dippel, um verdadeiro reduto de alunos prodigiosos e um formador de futuros cientistas bem-sucedidos, com uma grade curricular de dar inveja a muitas universidades de grande porte por aí (até Etimologia os alunos aprendem). Mas Letícia está longe de ser uma aluna exemplar aos padrões estabelecidos pela escola. Maquinando artimanhas geniais e se envolvendo em situações hilariantes, a garota faz várias visitas à sala da diretoria, que acaba lhe rendendo lições de moral e reprimendas maçantes, as quais ela sempre contorna com sua astúcia e inteligência.

Mas toda essa fachada de garota-problema na verdade esconde uma menina insegura, com o coração ferido pelo misterioso desaparecimento do pai anos antes. Contudo, a vida de Letícia sofre uma reviravolta quando um colega de escola, Daniel, afirma que pode levá-la ao paradeiro do pai, que pode estar vivo em uma realidade dentro de quadros, um mundo paralelo criado com técnicas mágicas e apuradas que escapam até mesmo às célebres mentes de Da Vinci ou Portinari.

A partir dessa premissa, o leitor é conduzido por uma jornada alucinante de aventuras cheias de suspense e perigo. A narrativa de Gleice é envolvente e prende o leitor a cada página. Nenhum capítulo ali é irrelevante. Todos os acontecimentos trazem um novo aspecto para a história e, no final, as peças se encaixam perfeitamente.

Sim, o romance adolescente existe, mas é comedido. Nada de cenas muito melosas ou frases piegas demais. A química entre o casal é irreverente e proporciona momentos impagáveis ao leitor.

O vilão é um espetáculo à parte. Donato é um personagem muito bem construído, dono de uma mente torpe e um sádico desejo de poder. Embora nada justifique suas ações sanguinárias, você consegue entender as circunstâncias que o levaram a ser dessa maneira. Nos capítulos escritos a partir de seu ponto de vista, é perceptível o clima pesado e a atmosfera sombria que se abatem sobre o texto.

Outro ponto forte do livro são os conhecimentos que impregnam seu conteúdo. Gleice conseguiu construir um infanto-juvenil inteligente, com conteúdo. Mesclados em meio às cenas de ação e aos enigmas que os protagonistas precisam resolver, existem informações científicas e dados sobre a história do Brasil, numa fórmula que foge completamente ao didatismo cansativo e desestimulante.

Enfim, “Picta Mundi” é uma ótima pedida para os amantes da ficção e uma obra enriquecedora para a literatura fantástica nacional, que nada deixa a desejar aos veteranos do ramo. Duvido que, depois de ler “Picta Mundi”, você tenha a mesma percepção ao admirar uma pintura num museu ou em algum livro de História.    

Resenha por: Tálison Felipe e Pedro Júnior.

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